terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Mundo pré-Segunda-Guerra: a crise de 1929 e a situação dos principais países ocidentais, por Andreia Santos

O mundo entrava numa crise e o sistema capitalista esteve próximo do colapso. Os países europeus, que haviam recebido divisas americanas em forma de empréstimos para a reconstrução pós-guerra, viram na evasão do capital americano seu declínio. O desemprego e a miséria tomaram conta da Europa, principalmente da Alemanha, que já não encontrava meios de se sustentar. A população buscava na política novas esperanças e salvadores, e esta se dividiu em duas correntes: os comunistas, inspirados no equilíbrio que a URSS mostrava; e os fascistas, que se espelhavam no exemplo italiano e pregavam o nacionalismo e o ressurgimento alemão como uma grande potência. Prevaleceu a força fascista, levando Hitler e o partido nazista ao poder.
A crise que se abateu sobre o mundo delineou uma nova ordem mundial. A URSS fora o único país a não sofrer com a crise, graças a seu isolamento e ao regime socialista. Com isso, os soviéticos dependiam apenas deles para se manterem economicamente e, a partir da ascensão de Stalin, a industrialização cresce bastante, apesar de conquistada através de trabalhos forçados e miséria, mas, aos olhos capitalistas, a URSS mostrava-se opulente.
A Alemanha, depois da moratória Hoover, que a isentava de pagar as indemnizações de guerra (o que irritou profundamente os franceses), voltasse para a recuperação de sua indústria e o fim do desemprego e da miséria. Seguindo o modelo italiano, o Estado alemão se encarregou de “abastecer” a população e criar empregos em obras públicas e na remilitarização. Apoiados nas teorias de superioridade da raça germânica e no revanchismo por Versalhes, os alemães ressuscitaram a economia, transformando-se em 1935-36 novamente numa potência, criando uma máquina de guerra impressionante, com armamentos modernos e treinamentos eficazes. Ao contrário, França e Inglaterra não sofreram tanto com a depressão, tinham moedas fundadas no padrão-ouro e uma industrialização regular. A França foi menos afectada pela crise, pois não era tão dependente do mercado internacional quanto a Inglaterra, porém, a partir de 1933, a economia francesa entra em crise O franco se desvalorizava tentando manter o padrão-ouro, enquanto os outros países o haviam abandonado. As importações caíram 60% e as exportações cerca de 70%. Suas indústrias estagnaram e o poderio bélico francês estava ameaçado num momento em que a Alemanha se mostrava muito mais perigosa. A indústria inglesa sofria de um mal muito semelhante, e a produção bélica se estagnara. Além da inferioridade bélica que era evidente entre esses países em relação à Alemanha, havia o temor, ainda latente, de uma nova guerra e das perdas por ela ocasionadas. Isso era observável na política apaziguadora de Chamberlain que, para evitar um novo conflito, acatava as exigências de Hitler, cedendo os Sudetos e aceitando a unificação da Alemanha com a Áustria, o que melhorou a condição económica alemã. Essa política só muda com a deflagração da guerra e a substituição do primeiro-ministro inglês por Churchil. O Japão aparecia como grande potência asiática, uma industrialização crescente e uma moeda forte e dominante no oriente. O poderio bélico era renovado constantemente, servindo também como escapatória para a crise e levando o Japão à conquista de um império, a começar pela Manchúria. Seu domínio no Pacífico incomodava os EUA e a URSS. De aliado na Primeira Guerra, o Japão passou a “inimigo das democracias ocidentais”. Os americanos, após a opulência conquistada no pós-guerra, viam sua economia em decadência após o crash de 1929. Para se reerguer, os EUA se isolaram e adoptaram algumas medidas influenciadas pelo keynesianismo. Esse conjunto de medidas foi chamado de New Deal. Com a implantação desse plano por Roosevelt, inicia-se a era do neocapitalismo ou capitalismo keynesiano, baseado na intervenção do Estado na economia, em lugar do liberalismo de Adam Smith. Com base nisso, o presidente americano aumentou as emissões monetárias, inflacionando o sistema, fez investimentos estatais de monta, proporcionou a realização de inúmeras obras públicas, estimulou uma política de pleno emprego entre outras medidas, o que activou o consumo e possibilitou a progressiva recuperação da economia. Em 1939, o país já contava com uma economia quase tão forte quanto em 1929, e com a guerra ela viria a se fortalecer ainda mais.
A crise de 29 fez ressurgir os nacionalismos e fascismos, precursores da Segunda Guerra Mundial.